Saturday, September 13, 2008

Retorno


Enfrentei a minha casa hoje. Não sabia que chave abria a porta, nem se o telefone era novo. Vi um tapete na entrada e gostei. Um presente de alguém, pensei. Uma flor na mesinha de cabeceira do sofá com um cartão: amo vc. As roupas, todas, com cheiro de mofo. A geladeira com uma cerveja, uma garrafa de champagne aberta e outros líquidos indistinguíveis. . dois capacetes de bicicleta em cima da cama. Sem óculos, primeiramente achei que fossem mascaras. Uma amiga chegou, não sabia o que oferecer a ela, abrimos a geladeira juntas e encontramos a tal cerveja, dividimos. Fomos ao bar abaixo e compramos mais. Para mim, o cara pareceu super simpático, para ela bem grosso. Como as percepções mudam depois de um tempo não? ... Liguei o radio, musicas antigas. Qual era mesmo a radio que tocava musica pop? Não me lembro mais.... quais são os bares da moda pra combinarmos um encontro? Ah, Márcia , nada mudou, os bares estão cada vez mais chatos e continuamos indo aos mesmos de antes. Inocência minha achar que algo tinha mudado....

Big Brother parte 2:

Donde esta la planta numero 1?

Como?

La planta numero 1?

Quizás no numero 3… Da uma tentada e vê se vc acha. Se vc não achar volta aqui que eu te ajudo. Foi o que passou pela minha cabeça, quando disse o “Como?” Eu ainda estava com paciência, pois era a primeira pergunta de muitas do dia.

Ah me mandaram entregar os papeis na 107 e onde é isso?

En la planta número 1.

Pero, como va eso?

Eu pensava já não tão calma assim, como vá eso o que, porra? Como se pega elevador?

Hay que entrar en el ascensor y pulsar el numero 1.

Pero, como? No se donde esta, podrías acompañarme? Ai, já é demais! Assim não dá, neste momento eu tive a certeza que devo ter sido muito ma na outra vida.

Perdóname, no puedo acompañarla, es solamente coger este ascensor que esta justo delante de nosotros, pulsar el número 1 y cuando la puerta se abra, busque la habitación que tenga el número 107 en la puerta. Ah, vale, vale…..

Em seguida toca o telefone: Hola, eu sou de Granada e queria xzx%^&* Canário...

o sotaque do sul da Espanha é o mais difícil de entender, nem os madrilenos entendem.

Perdóname, si el señor es de Granada y en que puedo ayudarle? ( Eu tava pensando que o cara tava querendo dizer alguma coisa que ele era de Granada e que alguém das ilhas Canárias, quem nasce lá é canário, queria saber se tinha algum hotel da Rede por la) então eu respondi: Não temos nenhum hotel em Canárias e nem em Granada.

O cara então me diz: Não, eu sei que vcs estão em Madrid, eh o Foxa 32 não é?

Sim, eh aqui mesmo. Então, eu queria saber se eu posso levar o meu canário.

Caaaaaaaaaaaara, eu fiquei sem reação, não tava acreditando do que tava ouvindo. Morrendo de vontade de rir, eu respondi: não senhor, não aceitamos animais. E o cara: pero ele es chiquito y amarillo.... eu não agüentei e passei o telefone pro outro recepcionista. Fui ter meu ataque de riso incontrolável na parte detrás da recepção.

Eu juro que se alguem me contasse uma historia que um hospede ligou pedindo pra trazer o canário, e ainda perguntando o porque de não poder trazer, se ele é tão pequeno e amarelinho... , eu não ia acreditar, ia achar que era invenção louca e das brabas. Mas depois fiquei pensando será que aqui rola aqueles trotes de radio e eu caí?

Beijos

Tuesday, August 12, 2008

Numeros e Gran Hermano

Ok, Quase dois anos sem escrever por aqui, mas nao deixei de faze-lo nao. Uns poucos que leram meu blog por estes dias, me animaram a escrever novamente . Ai vai: (ah, se tiver erro de portugues, nao liguem, quando eu voltar pro brasil, espero que ele volte ao normal, pois agora esta um portunhol so...)

Quando comecei a trabalhar em hotéis aqui na Espanha, uma das primeiras perguntas que fez com que eu começasse a pensar sobre a minha burrice ou á alheia, foi a pergunta: o apartamento 103 é no primeiro andar? Na hora, eu fiquei com vontade de responder: não, no quinto..., mas sorri e disse: sim, senhor. Bom, mas como eu era estagiaria, e estagiário sempre esta errado, eu achei que eu que devia estar me equivocando com alguma coisa, ah sei la, talvez aquele hotel fosse distinto... ou talvez na Espanha os aps de hotéis começassem a contar de cima pra baixo.

Ate que percebi que esse tipo de pergunta era freqüente. Se o 702 era no sétimo andar, em que andar era o 601 Eu ainda pensei porra eu achava que tinha vindo pra Espanha e não pra Portugal. Alias isso é outro tema. Eu finalmente compreendi de onde vem tanta piada com os pobres coitados, mas isso já é outro texto.

Continuando: resolvi perguntar a um amigo brasileiro que esta vivendo na Alemanha e a outro panamenho sobre isso. Expliquei ao panamenho que pra quem vive no Brasil, ou pelo menos, no Rio, se um apartamento tem o numero cento e algo é porque é no primeiro andar (ta bom, pode não ser no primeiro, primeiro, já que tem prédios com garagem, play, etc), mas eu vou entrar no elevador e vou apertar o numero 1, pra mim isso parece muito lógico.perguntei ao panamenho se para ele também não era lógico. Ele falou que para ele sim, mas que tinha alguns prédios pequenos no panamá que a numeração dos aps era 1, 2, 3, 4 e logo, dependendo de quantos aps tivesse por andar, dependeria o numero dos mesmos. Um ap com numero 5 poderia estar no segundo andar por exemplo, se cada andar tivesse 4 aps.

Já o amigo da alemnha disse que la, os aps são pelos nomes dos donos, não tem numero. So podia ser na alemanha, né? Coisa de maluco.

Depois disso, fiquei aliviada, ta os europeus eram burros para andares, mas pelo menos agora eu tinha uma explicação. Quando já estava conformada com isso e dizendo: “gracias, bienvenidos, la habitacion 203, em la segunda planta, la 304, em la tercera planta”, etc... eis que o concurso para o Big Brother espanhol é feito onde? Onde? Sim, eu devo ter atirado pedra na cruz... Pois então, duas semanas de casting para o gran hermano, uma media de 200 pessoas por dia e mais umas 200 ligando e fazendo perguntas. E há de se convir que quem faz concursos para gran hermano, não é a pessoa mais inteligente do mundo e acho sinceramente que os “ granes hermanos” espanhóis devem ser os mais burros do mundo.

Aqui não tem que mandar vídeo e teoricamente, não tem que ser forte ou gostosona e jovem. O único requisito é ser muito burro, não importa se gostosão, velho ou não. Quanto mais topera melhor. Cheguei a esta conclusão depois de um dia ineiro respondendo: si, es aqui el casting para el gran hermano. Sendo que havia uma puta placa enorme com o aviso: casting gran hermano, salon chamartin. Ca-ra-lho, puta que o pariu, a placa e nada era a mesma coisa. E para complicar ainda mais a vida dos sem noção e fuder com a minha paciência e a do outro recepcionista, primeiro os idiotas tinham que descer ao salão, que ficava na “planta P de Parking” nem precisa dizer que os idiotas não entendiam isso , né? Eu tinha vontade de gritar, urrar de raiva com tanta estupidez. Eles eram incapazes de entrar no elevador e apertar a letrinha P. Qual é a dificuldade, me diz? A maioria apertava qualquer coisa e voltava pra recepção perguntando onde era o salon chamartin. E não era por causa do meu sotaque português... eles não entendiam, nem o outro recepcionista e nem os maleteros.

Passada esta fase, de duzentas pessoas perguntando a mesma coisa. E eu crente que já tinha acabado, viria a segunda. Quem passasse pelo teste psicotécnico teria que ir pro ap. 105 ou 106. Entrar no elevador e apertar o numero 1? Naoooooooo, voltamos À recepção e perguntamos onde são os quartos 105 e 106. En la planta numero 1, en la planta numero 1, en la planta numero 1, .....eu ainda dizia: é só apertar o numero 1, pra ver se assim ficava mais fácil e eles não errassem. Só que não... Às vezes (como acontece com muitos elevadores, e com os três do hotel não ia ser diferente) se alguém que estivesse no salão, na planta P, chamasse o elevador antes daqueles que estavam na recepção, o elevador descia ao invés de subir pro primeiro. Vcs não vão acreditar: eles saiam do elevador e perguntavam de novo: vc não tinha falado que era no primeiro andar? Eu apertei 1, so que desceu... Márcia sorria e conte ate 3 milhoes...

Calma, calma....não termina por ai, amanha terá mais, vamos ver se eu vou conseguir ficar seria na frente de um cara com um bigode verde junto de uma senhora, pior que a elza soares, vestida de rosa pink, óculos escuros do tamanho da cara, sapato alto vermelho, short florido e cabelo de que cor? Amarelo ovo é claro.

Monday, January 08, 2007

A vida com ela é



Pare um pouquinho para comparar a sua vida com a do seu cachorro ou com a do gado de uma fazenda qualquer. Acho que o seu cachorro sai ganhando e com muita sorte você se iguala a do gado da fazenda. O seu cachorrinho de estimação acorda, come, recebe carinho e acha o máximo cada passeada que dá na rua. Ou seja , todo santo dia tem o momento de felicidade extrema dele, além disso, pode trepar o quanto quiser que raramente ficará com os filhotes e mesmo que fique não é ele que vai ter que sustentar ou ir à caça de alimento. Depois que dá a passeada, volta para casa, come e dorme novamente. Vidinha chata né? Ah! E você gasta uma puta grana com isso.

Vamos ao gado então. A vida desses é mais chata. Comem, comem, comem para servir a vida inteira somente para virar o churrasco macio e gostoso que enche a boca dos famintos humanos. Mas nem tudo é tão ruim assim. Pelo menos, eles não se preocupam com nada, tem a comidinha todo santo dia ali e nem desconfiam que estão sendo alimentados tão bem, para depois parar no açouque.

Agora vamos ao humanos não desempregados, o que no caso do Brasil é coisa pequena. Acordam com o despertador, fazem isso e aquilo, vão para o trabalho, se matam de trabalhar para produzir para o chefe e ganhar uma merreca. A morte não é tão rápida quanto a do gado. Mas às vezes pode até ser. O estresse e as responsabilidades são tantas que com certeza os cabelos brancos vêm em seguida e aí, meu caro, o passo para as doenças do coração, por causa da má alimentação etc, chega num pulo. Também como o gado, muitos humanos não questionam absolutamente nada, neste ponto a semelhança se faz também com o cachorro. São adestrados como eles. Basta alguém tentar mudar um comando que o trabalhador humano já se confunde todo ou diz que não pode mudar, são ordens do adestrador, quer dizer, do chefe.

Isto não é uma crítica aos adestrados humanos, até porque, de certa forma , sou um deles, acordo todos os dias , me stresso para ganhar uma merreca e dar dinheiro para meu chefe. Mas eu pelo menos , questiono, quando não concordo com alguma coisa e tento mudar sim. E posso até estar me enganando, mas acho que realizo o sonho de muitas pessoas. Quem não sonha em viajar? E isso sim, é gratificante.

Thursday, November 09, 2006

Palavrões e um pouco mais!

Muito tempo sem escrever, muito tempo procurando emprego e muito tempo achando m...Mas assim é bom, pois nesse "Meio Tempo" a gente acaba pensando em várias coisas que antes a falta de tempo não nos deixava pensar. Filosófico isso.

Por exemplo: um dos únicos leitores do meu blog (quer dizer , ele leu uma vez , não sei se continuará a fazê-lo) me disse que há muitos palavrões nos meus textos. Fiquei encabulada, pois na "vida real" eu falo muito mesmo, embora nada se aproxime ao que ouvi outro dia na rua, de uma mãe educadíssima falando para o seu filho: vai ficar atrás do meu cú, é? E o filho, singelamente responde com criatividade, dando um sinônimo: Sim, vou ficar atrás do seu Rabo!. Eram umas oito da manhã e o menino com certeza não tinha mais do que dez anos e estava indo para a escola, pelo menos estava com uma mochila. Imagina essa coisinha fofa chegando no colégio. Como não deve ser o papo com os amiguinhos?

Outra coisa boa de se pensar quando não há nada para fazer é sobre as reportagens de final de ano: horário de verão, sempre há que se explicar que temos que adiar o relógio em uma hora. E sempre há aquelas perguntas que não vão influenciar em absolutamente nada a minha vida: fulaninho: você gosta do horário de verão? E as respostas são sempre as mesmas; ah, eu gosto, porque dá para tomar o chopinho depois do trabalho, andar na praia,etc. Depois do bem –humorado, vem o espírito de porco, conhecido também como mala: eu não gosto, é muito calor, fica uma baguuuunça até mais tarde..

E para complementar essa preocupação nacional, eis que há uma nova de final de ano: o valor da porra dos pãezinhos. Cara, uma matéria de quase dez minutos no Jornal Nacional falando do “Movimento das donas-de casa de Goiânia” contra a mudança no valor dos pães! Aloooo!!!! William, Fátima, tem gente pra caralho morrendo no Iraque, na Palestina, em Israel, no Complexo do Alemão, na Cidade de Deus. Desculpem, não consegui resistir mas o "Pra caralho" é a única conjunção de palavras que poderia realmente sintetizar o absurdo e a quantidade de gente que morre diariamente.

Mas não é só isso.. Chegam então as reportagens sobre os empregos temporários de extras para lojas de roupas e fábricas de artigos natalinos, sobre a fabricação de pannetone (sempre há uma explicação de onde ele veio, etc) e finalmente sobre a árvore da Lagoa Rodrigo de Freitas. Só não dizem que ela empata completamente o trânsito do Rio durante um mês. Que poder que aquelas lâmpadas têm!

Ah! E para fechar o nosso ano com chave de ouro vem a próxima novela das sete! está ai gente: pé na jaca! E de quem é? De quem sempre escreve novelas engrçadiiisimas, o ilustre Carlos Lombardi.

Sunday, October 08, 2006

Sombras do mundo

Seu rosto é amargo, para ela todos os dias parecem cinzas. Tem o prazer em incomodar. Não age diretamente e é isso que a faz extremamente perigosa e má. Muitas vezes surge como vingança de atos falhos. Pode, no entanto, escolher vítimas que não mereciam sua companhia. Para viver com ela é preciso paciência, pois age calmamente, sem pressa, aos poucos. Se você ceder, talvez torne-se igual a ela. Sem esperança, chata, mal-humarada, desiludida. Nunca te deixa divagar no nada, esquecer o mundo.

A felicidade? Não te dá. Se isso ocorre, ela se entristece, como se não bastasse, te culpa, te cobra. É ótima profissional em seu meio, talvez a melhor. Seu dom é transformar qualquer ambiente em triste, isolado, o mais distante possível de um possível momento sublime. Por onde passa deixa seu rastro. Dizem que não há meios de livrar-se dela, mas nunca se sabe. Quem sabe não seria somente mais uma jogada econômica? Ela é cara, exige dinheiro para ser mantida. O curioso, aliás, é o fato de todos desejarem mantê-la, caso contráro, seria pior.

Ela tem um empregado, um pouco menos poderoso. O rosto dele não é amargo, é simplesmente feio. Diferente de sua chefe, age de forma direta, mas isso não o torna menos perverso. O que faz o subalterno singular são os momentos em que dá uma trégua e deixa sua vítima em paz. Mas quando menos se espera ele volta, e se deicde ficar passa por cima de todos, agindo mais rápido que sua própria chefe. Ele é mais sarcástico.

Não surge como vingança, pelo contrário, ninguém sabe de onde veio e porquê. Quando está no auge de sua carreira torna a desilusão mais próxima, afasta a esperança. Neste ponto coincide perfeitamente o talento do par. Ele gosta de aparecer, não importa por quanto tempo, o importante é estar presente. Ela, por ser mulher, é mais recatada.

Ambos, no entanto, sofrem do mesmo mal: não sabem andar sobre suas próprias pernas, caminham com as pernas fracas dos outros, sentem-se bem com isso. Fazem do mais autêntico de todos os homens, o mais envergonhado, fazendo-o desaparecer aos poucos.

Egoístas? Muito pouco. É mais do que isso, pois não pensam só neles, pensam meticulosamente em como destruir o outro. Porém, com todo esse ar de poderosos, não sabem viver sozinhos, pelo contrário, precisam de alguém. E quando cansam da vida morrem e matam.

Wednesday, September 27, 2006

Heelllppp!!!!!


Eu tinha que ter uma idéia magnífica para sair desse poço. Tudo bem, poço não, é exagero, mas não me vem a palavra agora, para sair dessa avaliação chata e de gente que em cinco minutos é capaz de transformar uma idéia que eu já tinha consolidada há tempos: a de perfil. Para mim, perfil era o lado da pessoa, ou seja se você está cara-a-cara com alguém, está de frente para ela, se o seu rosto está de lado para outro rosto, você está de perfil para a pessoa.
Aha! Ledo engano.

Perfil, atualmente é uma palavrinha que serve para resumir todas as suas características, estilo de vida, dons, vocação, etc, pois se não fosse isso, como é que uma pessoa poderia conversar com você e em cinco minutos dizer: pelo que eu vi, o seu perfil é para operações e não para eventos. Isso porque eu havia acabado de preencher um formulário em que tinha que me auto-avaliar dando notas para: timidez, trabalho em equipe, visão, ambição, ansiedade, persistência, racional, emocional, comunicação, iniciativa, entre outras. Cara, que vontade de colocar 0 e 1 em tudo, ou algo do tipo. Pelo menos alguém iria se divertir com aquilo, já que eu não estava me divertindo nem um pouco. Por exemplo, em visão deveria ter colocado ou zero, já que sou míope e não enxergo porra nenhuma sem óculos ou 2,25 que é o meu grau.

E como é que se dá nota para "emocional"? Mas não termina por aí. Tive que responder quais meus pontos fortes e quais qualidades a desenvolver. Neste último, o que você responderia, caro leitor?! Uma qualidade que você tem e que vai melhorar na empresa, ou uma qualidade que você não tem? Bom, se é uma qualidade que você não tem, "at all,” como você vai desenvolvê-la?

Além disso, o que pode ser qualidade para mim, pode ser defeito para outro, não? E é lógico que se eu tenho um grande defeito eu não vou dizê-lo num formulário de entrevista. Sou egoísta para caralho. Odeio que mexam nas minhas coisas. Prefiro trabalhar sozinha do que rodeada de toupeiras que só vão me atrapalhar... Depois disso colocaria na minha auto-avaliação no quesito trabalho em equipe: 3,0 (depende da equipe). Persistência: 5,0 depende da persistência em quê, não é mesmo? Não tenho a menor paciência para consertar coisas que homens adoram, como computador, eletrônicos, etc. Nesse quesito não sou nem um pouco persistente. E para abrir vidro de palmito então? Tento uma vez, se não abrir eu o coloco de novo no mesmo lugar para que ele fique esperando minha próxima “persistência”.

É por isso que tenho que ter uma idéia brilhante. Inventar algo para poder dar emprego para as pessoas que como eu estão atrás de um, mas que precisam ficar ouvindo essas baboseiras. Já que no final das contas o que prevalece mesmo é se o entrevistador foi ou não com sua cara.

Tuesday, September 26, 2006

Anosmia

Tentar fazer baixar uma inspiração de escritora, jornalista, seja lá o que for, nessas horas de obrigação de ter que ficar em casa, super comovida com tudo que está acontecendo, a alegria da vida que eu sempre tive e acho um pecado quem não a tem, vai embora de vez em quando, porque a vida nos prega essas?

Inveja, mal-olhado dos outros, acho que isso sempre estará na minha vida, é cada uma que pego, que vou te dizer uma coisa, como se não bastasse a asma que já aturo desde criança, três anos, as outras doenças quando vêm, chegam com tudo. Acabo de voltar de um médico, que me diz que agora eu tenho que evitar uma crise convulsiva, vai à merda, meu irmão, em todo o meu bom carioquês, não sei o que é isso e não quero nunca saber, só quero voltar a acordar sem a cabeça pesada, voltar a não ter pontada nenhuma, voltar a sentir cheiro das coisas, das flores que eu recebi, com tanto carinho, de pessoas que eu não esperava.

Acho que tava tudo muito bom para ser verdade, mas talvez esses momentos sejam necessários para descobrirmos o quanto os outros gostam da gente e se preocupam, o quanto é bom estar atoladíssimo sem nem tempo de curtir a casa. Nossa, como eu prefiro a vida atribulada, do que esse cansaço em fazer nada, esse é um dos piores castigos para mim.

Se alguém ou algo aconteceu para me deixar desse jeito, fez muito bem. Fico preocupada em ler, em ver tv, em ficar no computador e a minha cabeça voltar a doer. É tudo sempre um problema, a ginástica, compras que planejava, achar graça em tudo, nem isso tô conseguindo mais... que finalzinho de ano de merda...

*

O textozinho ai em cima, foi escrito no final de 2005 após um tombo que me causou um coágulo na cabeça e com ele dores incríveis e perda do olfato, dai o nome "Anosmia". Como o tombo foi numa festa e como eu gosto de uma cerveja a primeira coisa que tive que ficar aturando foram as piadinhas: bebeu todas né?! Aliás, as ouço até hoje. Eu desisti de falar que não tinha bebido horrores, até porque me recordo de tudo até a hora do tombo, lembro de eu falando com meu namorado, dando o endereço para ele de onde tinha que me buscar etc.

Veio o tombo, que até hoje não sei direito como foi, pois tive uma "breve amnésia". Não lembro de nada que aconteceu depois, de tão forte que foi a pancada. Acordei no dia seguinte surda de um ouvido e com muita dor de cabeça. Esperei uma semana e a dor foi ficando insuportável, até que fui parar no hospital onde o coágulo foi "descoberto".

Melhorei, voltei para casa, chegando aqui "discuti" com meu namorado sobre um strogonoff que ele dizia feder muito e eu dizendo que era frescura dele, que dava para comer. Passei a não sentir cheiro de outras coisas e demorou um pouco para me tocar que o strogonoff estava realmente fedendo e que era eu que não estava sentindo.

Já se passou quase um ano e não sinto nada ainda. Ele não deve voltar. Pelo menos foi o que os médicos disseram. Tentei até cirurgia espiritual, apesar de ser cética e nada. É, talvez tenha sido exatamente por isso, pelo fato de não acreditar em nada, que a cirurgia não tenha funcionado.

Tudo isso é para dizer que eu não sinto cheiro e tento levar isso numa boa, brinco comigo mesma e faço piadas com os outros, mesmo que várias vezes sinta muita saudade e passe por situações engraçadas.

Há um tempo fui numa loja daquelas de aromas para comprar um presente para minha avó, um aromatizador de ambiente que eu sabia que tinha um cheiro bom pois tinha comprado anteriormente para minha casa. A mulher queria porque queria que eu ficasse cheirando as milhões de coisas que ela tinha. E eu sem cheirar, levei o produto que queria. Ela não deve ter entendido nada...

Em Natal, numa loja de pimenta, lá veio a vendedora colocando-a no meu nariz. Pera ai um pouquinho, moça, é que eu não sinto cheiro.....Amorrrr!!! Vem aqui cheirar a pimenta. Mais uma que não deve ter entendido nada. E para tomar vinho? Eu vou direto na golada, nada de sentir o carvalho, o pimentão, a madeira, seja lá o que for. Perfumes? Eu vou continuar usando (para sempre) os que gostava antes de me tornar uma "anosmica". Coitado de quem tiver perto de mim se um dia eu esquecer o desodorante. Eu vou ficar numa boa...Como o meu namorado fica quando solta pum. Dessa parte ele gostou.

Por falar em gosto, eles mudaram também, mas ainda os sinto. Meu paladar está se adaptando às novidades. Sempre penso: poderia ter sido bem pior. Mas isso não adianta muito quando a saudade de aromas e sabores aperta. Bom, se eu tivesse escolha...